- polemaco escreveu:
- Mote para o dia 17 de novembro
Uma porta se fecha e logo vejo
a janela se abrir, pra me acolher.
Muito provavelmente aqui o 'polemaco' esteja se referindo a 'Mote e Glosa'...
Segundo a wikipedia ( http://pt.wikipedia.org/wiki/Glosa ) Glosa é uma forma de poema utilizada pelos poetas do Nordeste do Brasil, principalmente os cantadores, em forma de uma ou mais décimas (estrofe de 10 versos) que respondem a um desafio, expresso em forma de mote. O mote é, geralmente, um dístico, ou seja, composto por dois versos. Esses versos se apresentam na glosa de duas formas mais comuns:
1. Os dois versos aparecem no fim da estrofe, compondo a rima, que, na maioria das vezes, segue o esquema ABBAACCDDC.
2. Um verso do mote aparece como quarto verso da glosa, e o outro verso na última posição. O esquema rímico é semelhante.
3. Mais recentemente, o poeta Paulo Camelo criou e apresentou o que ele denominou Glosa com mote migrante, um poema com mais de uma estrofe (de duas a cinco), onde o mote, em dístico, aparece em posições diferentes, ascendendo nas estrofes das últimas para as primeiras posições.
Exemplos
Mote no finalMote
"Devagar, como fogo de monturo,
a saudade invadiu meu coração".
Glosa
Na fazenda, nasci e me criei,
peraltava e fazia escaramuça,
morcegava, no campo, a besta ruça,
jararaca até mesmo já matei.
Não me lembro da vez em que acordei
assombrado com tiros de trovão,
pinotava da rede para o chão
e saía correndo pelo escuro.
Devagar, como fogo de monturo,
a saudade invadiu meu coração".
(Carlos Severiano Cavalcanti)
Mote em versos separadosMote
"Por esses caminhos venho
pedaços de mim deixando".
Glosa
Nem juntos arte e engenho
de Camões podem cantar
como em vão a tropeçar
por esses caminhos venho.
O amor para mim é lenho
que em meio aos lobos em bando,
aos trancos vou carregando
e a cada mulher que passa
sou tragado na fumaça,
pedaços de mim deixando
("Aos trancos e barrancos" - Zé Barreto)
Audio de 'Mote Migrante': Velha Rede - http://www.camelo.recantodasletras.com.br/audio.php?cod=314
endereço do poeta Paulo Camelo: http://recantodasletras.uol.com.br/autores/polemaco