| Descanso das Letras Discussão acerca de Literatura |
| | Análise Literária | |
| | Autor | Mensagem |
---|
Alexandre Tambelli
Mensagens : 11 Data de inscrição : 18/11/2010
| Assunto: Análise Literária Sex 19 Nov 2010, 08:02 | |
|
Última edição por Alexandre Tambelli em Sáb 12 Mar 2011, 17:45, editado 6 vez(es) | |
| | | RONALDO RHUSSO
Mensagens : 1609 Data de inscrição : 15/11/2010 Idade : 55 Localização : Ilhéus - BA
| Assunto: Re: Análise Literária Sex 10 Dez 2010, 14:56 | |
| Não é meu forte analisar textos, mas vou entrar na séria brincadeira e dar os meus pitacos, amigo Tambelli.
A princípio, em minha opinião, o verso de número onze não é eneassílabo. Temos uma elisão parecida tanto no verso dois como no verso dez, mas note que no verso onze o poeta fez questão de não usar o recurso do apóstrofo (d’água) tão comum entre os sonetistas. A mim pareceu que ele quis imprimir bastante força na expressão “língua de água”, de maneira que não fez a elisão como verificamos nos versos dois e dez.
Segundo ponto:
Costumamos chamar de martelo agalopado os versos decassílabos com tônicas Na terceira, sexta e décima, mas nos versos “um”, “três”, “quatro” e “seis” notamos o fenômeno ao qual denominamos “pé quebrado”, o que enfraquece o ritmo dos versos mencionados. Também eu costumo compor o martelo com essa displicência, mas em se tratando de uma análise honesta só considero “martelo agalopado”, de fato, quando se trata de “anapesto”. A definição para o verso em Martelo agalopado é a seguinte: Verso decassílabo composto por dois anapestos e um peônio de quarta, ou por dois anapestos e dois iambos. Neste caso, apresenta também tônica na posição 8. Portanto...
Terceiro ponto:
A escansão do segundo verso fica melhor assim:
faz/ SU/a a/ TAR/de (a/QUI/ meu/ VER/so es/TAN/Ca
Por enquanto vou ficar só na parte da métrica, mas prometo retornar e comentar também o restante da estrutura, que, obviamente é o mais interessante.
Abração,
Ronaldo Rhusso
| |
| | | Alexandre Tambelli
Mensagens : 11 Data de inscrição : 18/11/2010
| Assunto: Re: Análise Literária Dom 12 Dez 2010, 08:52 | |
| Ronaldo!
Como você tenho as minhas dificuldades em analisar os poemas.
Vou responder as suas observações.
Na 1 (primeira) observação você encontrou uma solução. O poeta não se valeu da elisão d'água, comum na poesia clássica. E assim, podemos contar o verso 11 do soneto como verso decassílabo:
-- lín/gua/ de/ á/gua/ do/ce e/ cris/tais/ fres/cos
Na 2 (segunda) observação temos a constatação de que o poeta não seguiu a risca a versificação clássica para fazer um martelo agalopado perfeito, sem pés quebrados.
Se o poeta seguisse a construção clássica perfeita do martelo agalopado teríamos esta precisa sequência de sílabas poéticas fracas e sílabas poéticas fortes no verso:
fraca fraca forte/ fraca fraca forte/ fraca fraca fraca forte anapesto/ anapesto/ peônio de quarta ou
fraca fraca forte/ fraca fraca forte/ fraca forte/ fraca forte. anapesto/ anapesto/ iambo/ iambo
Então aqui se mostra a maior liberdade do poeta moderno frente o poeta clássico, certo?
Na 3 (terceira) observação eu escandi o verso 2 assim e vou justificar minha opinião:
faz/ SUa/ a/ TAR/de (a/QUI/ meu/ VER/so es/TAN/ca (decassílabo - heroico e sáfico)
Numa primeira escansão fiz como você, escandi: /su/ a a/
Porém, ao escandir o verso 4 encontrei esta solução para torná-lo decassílabo:
fa/ze/ MI/nha a/ tua/ TAR/de e o/ GRAN/de es/PAN/to (decassílabo - martelo agalopado)
Neste caso para manter o decassílabo tive que manter /tua/ sem a separação habitual /tu/a/.
No 2 verso a separação su/a não fere a métrica, continuamos com um decassílabo. No verso 4 a separação tu/a cria um hendecassílabo:
fa/ze/ MI/nha a/ tu/a/ TAR/de e o/ GRAN/de es/PAN/to Por este motivo escandi /sua/ e /tua/.
O que fica claro é que este Soneto do Rei Obscuro dá um trabalhão enorme para a gente entendê-lo. Continuemos.
Um abração,
Poeta querido,
Alexandre!
| |
| | | RONALDO RHUSSO
Mensagens : 1609 Data de inscrição : 15/11/2010 Idade : 55 Localização : Ilhéus - BA
| Assunto: Re: Análise Literária Dom 12 Dez 2010, 13:20 | |
| - Alexandre Tambelli escreveu:
Ronaldo!
Como você tenho as minhas dificuldades em analisar os poemas.
Vou responder as suas observações.
Na 1 (primeira) observação você encontrou uma solução. O poeta não se valeu da elisão d'água, comum na poesia clássica. E assim, podemos contar o verso 11 do soneto como verso decassílabo:
-- lín/gua/ de/ á/gua/ do/ce e/ cris/tais/ fres/cos
Na 2 (segunda) observação temos a constatação de que o poeta não seguiu a risca a versificação clássica para fazer um martelo agalopado perfeito, sem pés quebrados.
Se o poeta seguisse a construção clássica perfeita do martelo agalopado teríamos esta precisa sequência de sílabas poéticas fracas e sílabas poéticas fortes no verso:
fraca fraca forte/ fraca fraca forte/ fraca fraca fraca forte anapesto/ anapesto/ peônio de quarta ou
fraca fraca forte/ fraca fraca forte/ fraca forte/ fraca forte. anapesto/ anapesto/ iambo/ iambo
Então aqui se mostra a maior liberdade do poeta moderno frente o poeta clássico, certo?
Na 3 (terceira) observação eu escandi o verso 2 assim e vou justificar minha opinião:
faz/ SUa/ a/ TAR/de (a/QUI/ meu/ VER/so es/TAN/ca (decassílabo - heroico e sáfico)
Numa primeira escansão fiz como você, escandi: /su/ a a/
Porém, ao escandir o verso 4 encontrei esta solução para torná-lo decassílabo:
fa/ze/ MI/nha a/ tua/ TAR/de e o/ GRAN/de es/PAN/to (decassílabo - martelo agalopado)
Neste caso para manter o decassílabo tive que manter /tua/ sem a separação habitual /tu/a/.
No 2 verso a separação su/a não fere a métrica, continuamos com um decassílabo. No verso 4 a separação tu/a cria um hendecassílabo:
fa/ze/ MI/nha a/ tu/a/ TAR/de e o/ GRAN/de es/PAN/to Por este motivo escandi /sua/ e /tua/.
O que fica claro é que este Soneto do Rei Obscuro dá um trabalhão enorme para a gente entendê-lo. Continuemos.
Um abração,
Poeta querido,
Alexandre!
É realmente uma ruptura com os padrões clássicos, contudo essa análise me chama à atenção para o detalhe importantíssimo que mostra a falta de preocupação em trabalhar cada estrofe como se cada uma delas fosse um parágrafo que ao final tornar-se-ia a obra completa. Quantos sonetos construí dessa forma? Quase todos! É, Tambelli... Preciso, como defensor do clássico, rever muitos dos meus conceitos em relação às minhas composições. Em frente! Ronaldo | |
| | | Alexandre Tambelli
Mensagens : 11 Data de inscrição : 18/11/2010
| Assunto: Re: Análise Literária Dom 12 Dez 2010, 13:43 | |
| Ronaldo!
Uma correção que merece ser dita. Eu errei quando disse todas as estrofes no Soneto Clássico formam uma estrutura completa.
Fui no Olavo Bilac, novamente, e percebi que a maioria das estrofes são entes com começo, meio e fim integrados na forma maior: o SONETO.
Olavo Bilac em certos momentos rompe com essa estrutura da estrofe, poeta! Principalmente nos tercetos!
Como no soneto: O Crepúsculo da Beleza
(...)
Flor de prata... Rugas... O desgosto Enche-a de sombras, como a sufocá-la Numa noite que ai vem... E no seu rosto
Uma lágrima trêmula resvala, Trêmula, a cintilar, -- como, ao sol posto, Uma primeira estrela em céu de opala...
Neste caso foi um recurso estilístico interessante para a rima, como no seu soneto mais conhecido: o desgosto/ E no seu rosto/ como, ao sol posto, (jamais aleatória a opção.)
Alexandre! | |
| | | RONALDO RHUSSO
Mensagens : 1609 Data de inscrição : 15/11/2010 Idade : 55 Localização : Ilhéus - BA
| Assunto: Re: Análise Literária Seg 13 Dez 2010, 23:13 | |
| É, Tambelli, esse recurso utilizado nos tercetos faz muito sentido a fim de se buscar o melhor gran finale... Não é fácil escrever tercetos independentes num soneto, mas em todo caso, quando essa preguiça de pensar me deixar vou treinar um pouco a estrutura mais clássica no sentido de paragrafar cada estrofe, inclusive os tercetos...
Abração!
Ronaldo
| |
| | | Fiore
Mensagens : 19 Data de inscrição : 16/12/2010
| Assunto: Re: Análise Literária Sex 11 maio 2012, 18:04 | |
| Ronaldo...
Como não tem um tópico para o Limerick, entrei por aqui pra postar um e, caso o pessoal queira exercitar esta forma, a coordenação pode até abrir um espaço específico para o Limerick.
Então vamos lá:
Descarrego
Tem uns dias, minha amiga, Em que a sorte nos castiga. É de suar frio... Ficam por um fio As comportas da barriga.
Fiore Reg. EDA/FBN | |
| | | RONALDO RHUSSO
Mensagens : 1609 Data de inscrição : 15/11/2010 Idade : 55 Localização : Ilhéus - BA
| Assunto: Re: Análise Literária Sáb 12 maio 2012, 12:14 | |
| Olá, Fiore! Tem um Tópico dedicado ao Limerick aberto pelo Paulo Camelo! Dá uma olhada, amigo! https://descansodasletras.forumeiros.com/t67-o-que-e-limerick#630 - Fiore escreveu:
- Ronaldo...
Como não tem um tópico para o Limerick, entrei por aqui pra postar um e, caso o pessoal queira exercitar esta forma, a coordenação pode até abrir um espaço específico para o Limerick.
Então vamos lá:
Descarrego
Tem uns dias, minha amiga, Em que a sorte nos castiga. É de suar frio... Ficam por um fio As comportas da barriga.
Fiore Reg. EDA/FBN | |
| | | Fiore
Mensagens : 19 Data de inscrição : 16/12/2010
| Assunto: Re: Análise Literária Sáb 12 maio 2012, 13:28 | |
| Brigadão, Ronaldo.
Já está lá, o texto. | |
| | | Conteúdo patrocinado
| Assunto: Re: Análise Literária | |
| |
| | | | Análise Literária | |
|
Tópicos semelhantes | |
|
| Permissões neste sub-fórum | Não podes responder a tópicos
| |
| |
| |
|