Versos livres ou versos brancos

The Most

Não quero mais esse céu,
Essa Terra, esses modos...
Quero tudo renovado;
Quero o instante do infinito!

Não quero mais esse nada
Ao que chamam tudo. Oh! Nojo...

Quero O que ainda não vi,
Mas já senti a presença.

Não quero o medo que as gentes
Inda sorvem qual delícia.

Quero a carícia do vento
Noutro tempo...
Eu quero é muito!

Ronaldo Rhusso

Quando o amor acontece
acontece de eu ir
em outra direção,
em outra sintonia.

Quando o amor esvaenece
esvaenece o luar,
esvaenece o poder
que me tem por casulo.

Quando o amor é real
eu me rendo, qual ser
anjo, raio letal
para alguns corações.

Quando o amor me quiser
já terei despertado
para outro Universo,
para o meu vero lar.

Quando o amor me quiser...

Ronaldo Rhusso

Moça,

Derrama tua tez macia
por sobre meu sonho nu.
Derrama teu ser molhado...

Consegues sentir-me teu?

Consegues partir sem medo?

Se dei de mim foi verdade!
Se disse te amo, fato!


Acorda porque sou ímpar,
teu par, prenda soberana!
Eia, podemos sonhar
d'olhos abertos também!

A carne pra nada serve;
traz doenças e traz dores.

Acata o clamar do vate
e vai-te sem medo, ok?

Aqui tudo é frio, mas gosto
porque sou quente por dentro.

Recebe o que falo, ok?
E abre essa flor em gozo
que pólens de amor recebem
o caldo que traz u'a luz.

Moça,

Estou aqui, tudo bem?

Ronaldo Rhusso

Definitivamente...

Sou teu por tudo, pelo tempo louco
e assim a sina é sempre a que sorri...
Sou todo o tempo insano e sossegado
nessa ebulição de amor infindo!
Sou nobre, alguém já disse
e eu nem creio,
mas se é pra ser e ser só teu o sou.

Ronaldo Rhusso

Confiante!

A vida, essa, tem que ser ruim.
Senão quem vai querer saber de céu?
Senão quem vai desapegar da carne
e vai se derramar em fé e honrar o Santo?

Ninguém conhece assim como eu conheço
o Santo para o qual o impossível
é só um fato que nem existiu
e nunca - eu sei - jamais existirá!

Remédios, sucedâneos são tão frágeis...

Mas eu só sei chorar se Ele me falha
e, eis, que esse verbo é inconjugável!

Renova tuas forças, Prenda forte!

Eis que a misericórdia logo raia,
assim como já vem outra manhã...

Ronaldo Rhusso

É fácil?


É fácil Eu falo,
falar, sonho
sonhar, quero,
querer, oro...
orar...


É fácil Eu confio,
confiar, não temo,
não temer, mas choro.
não chorar...

Sou anjo, mas frágil,
mas puro,
mas santo
e o canto
me fugiu...

Mas amo muito!


Ronaldo Rhusso

How?

Como olhar para o céu sem ter chão para firmar os pés?
Como desejar os melhores manjares sem ter fome para saciar?
Como voar por sobre o tudo com o nada a me empurrar para baixo?
Como por essa coroa sem reino, sossego, euforia...
Sem reino...

Ronaldo Rhusso

Por favor!

Se não jogo a toalha o que direi da mortalha
que há sempre quem teça bem antes da hora!
Se não creio na morte é por que sou consorte da vida e Eterna!


Ah! Por que tem asas se elas cerceiam a minha viagem?
Ah! Pra que chorar cedo se nem é degredo o que vejo à frente?


Toneladas de amor eu percebo nos versos que o meu D’us compõe
A dizer, Sou contigo!

Vem, ó Pai que nos ama, adiar a viagem que foi planejada por frágeis jalecos!

Ronaldo Rhusso

Senhor...

Aqui pecador, um reles humano
a Te implorar: desfaz essa dor;
desfaz esse plano que ceifa essa vida
e torna a Tua graça em escudo forte;
em cura real de células todas...
Oh! Tu que não dormes, imploro chorando:
altera essa sina e transmuta esse mal.
O que Tu não podes, se és soberano?
A chuva que cai me mostra a esperança
que já se renova, qual misericórdia
que desce do Trono de onde Te assentas
e sei, Teu amor, que é vindo em torrentes,
haverá de ser alívio singelo...

Ronaldo Rhusso

Donde estás?

Quem és tu que me entontence se eu pensar no quanto és linda?
Vens de um outro patamar pra falar co'as rosas nuas?
Se em ti penso já me dou ao dedure de mim mesmo...
Ó, mulher, de brio sincero, queres ver poeta em transe?
Quando o teu olhar pousar num dos textos que eu te fiz,
haverás de chorar fraco e dizer, fui mui feliz!

Ronaldo Rhusso

Raios Gama

Floresta lá atrás, queimada há dias,
me faz vislumbrar viçosos arbustos...

Nascente de rio
que quase secou
embebe o arraial
d'águas cristalinas...


Amor que cansou
recebeu renovo
e o oxigênio
faz bem para muitos...


Floresta está linda, eu vejo e sorrio!
Até poesia abriu-se qual flor!


Ronaldo Rhusso

Diz

Onde eu fui esquecer
o movimento,
o momento,
a rapidez,
as asas,
a capacidade
que encantava
a mim mesmo?

Onde eu me deixei
sem perceber esse vazio
que me era forte
combustível pra viver?

Onde, eu, Homem Raio,
fui deixar
que outros raios
me tomassem
o lugar,
primazia
desejada
e que me foi tesouro lindo?

Onde eu esqueci de esquecer
que sou humano
e essa dor que absorvo
me consome,
oh! Onde errei?

Ronaldo Rhusso

Questões e Certezas

Perguntei a uma criança:
" — Diz-me do seu bem maior"?
Ela disse: " — Meus brinquedos"!
Eu sorri. Dei-lhe razão!
Perguntei para um jovem:
" — Diz-me do seu bem maior"?
Ele disse: " — A liberdade que eu tenho pra sonhar"!
Eu sorri. Dei-lhe razão!
Perguntei pro ancião:
" — Diz-me do seu bem maior"?
Ele disse: " — Respirar"!
Eu sorri. Dei-lhe razão!
Perguntei para mim mesmo:
" — Qual será meu bem maior"?
Pensei muito, concluí:
O brincar com as palavras,
o sonhar que é livre e solto
e esse ar que é precioso
e de graça! Vejam só!

Ronaldo Rhusso

Privilégio!

Estás aqui trazida pelo vento,
pelo fogo da pele que queima por dentro...
Estás aqui pela união de fé,
pela certeza de que o pra sempre
nunca acaba e que a dor que alucina
também traz o céu pra perto
e concede o privilégio
de coparticipar firme
com aquele Sacrifício
que nos trouxe uma certeza
que é loucura pr'esse mundo,
mas não é só sucedâneo,
pois é firme, certa e breve!
Eis que falta só um pouco
e Ele virá triunfante
com Seu nobre porte: D'us!
Soberano e eficaz.

Ronaldo Rhusso

Que pena...

Destoo das hordas descrentes
E entoo um canto pro céu.
Ali haverá o discurso
Que soa qual dor para uns
E para outros só dissona?
Alterco sem nódoa no sangue,
Mas penso no turno perdido
Porque se sou cego também
Eis explicação pro distúrbio.

Eu vejo uma raça apenas!
Se a tez é escura e aí?
Sou pálido e fico vermelho,
Mas há o amarelo, ora, pois!

Aquele nasceu noutro corpo?
Então curta a vida que é curta
Porque corpo errado é praga
E eu nunca irei compreender,
Pois que eu não calcei o sapato...

Pra moda eu dou é banana!
Pro humano eu olho agitado
E não vou deixar de elevar
A prece por cada irmão
Que não reconhece o do lado
Como um seu igual no Universo...

Ronaldo Rhusso

...

O verso branco está vazio e é uma pena...
O verbo lua não foi mais conjugado...
O inverso de mim é plenitude anelada
e já reverbera a tarde cinza...
Cinza restou, eu pergunto?
Se dou de vir é só por sentir
o vazio, a saudade...

Ronaldo Rhusso

Ah!

Li, reli o ventre dessa flor que é puro olor marinho...
Vi, revi o fato, o tato e eu senti e tanto!
Ah! Mas nem pareço o louco, o pouco que eu fiz de mim. De mim... De mim e a esmo...

Tomo o meu caminho, certo dessa forte e certa dor
que me inquieta e afeta o todo e pouco que há em mim.

Amo e deixo a parte boa em mim fazer o transmutar sem medo e cedo vou rever a face que eu pintei e é dela o meu amor...

Ronaldo Rhusso

LOUCURA É VIVER TANTO AMOR!

*





Hei! Estou aqui. Ansiosa minh’alma pulula qual filho de cervo.

Não sentes o meu cheiro a exalar por trás do poema intrigante?

Fui eu quem tocou diferente na entrada que leva ao teu rio.

Quem deixou o mais fundo do mar só pra receber tuas águas...

Inventou a desculpa sem nexo pra não desculpar o acaso...

Essa planta que tu tanto amas está impregnada de mim.

Loucura é não ver meu reflexo no fundo do espelho que olhas.

Chamada que alvora e te mostra: querida, nasceu novo dia!

Amor, vem não demora! Capaz de eu sumir de repente!

Mas vem preparada pra festa, talvez seja a última vez.

Alimento o anseio sublime; confundo o nascer desse sol.

Meu barco navega ligeiro, Caronte o rema no Estige.

Inferno, sepulcro... Que seja! Assim me atormenta esse amor!

Que fazes assim sem dormir? Não sabes que a dor não tem cura?

Atormenta de novo o meu ser. Não quero dizer novo “adeus”!

Minha alma te cobre latente! Repare no frio do mar!

Alma que amas tão forte! Quer ver meu delírio de vez?

Delirante é o que sinto por ti! Ao nirvana irás só comigo!


* Subliminar

Ronaldo Rhusso

Instantâneo...

Desato os feixes de cores
que reverberam em meu sonso olhar...
Desato a louvar o Altíssimo
pelos dons que Ele concede!
Transmutar olhos em ouvidos,
palavras em sussurros,
delírios no sentir frenético e raro...

Ah! Inspiração que erradia euforia e
avilta o tempo e o espaço!
Ah! Quimera ansiada e entronizada
no íntimo do ser...

Abismado e em sonho contemplo o jardim rico e lindo!
O jardim é pra mim duplamente importante
e é meridiano!

Da roseira mais nobre escolhi uma rosa olorosa e macia;
tão rosinha e enfeitada por pólens lisinhos!

Ela treme e se encolhe ao meu toque gentil
que, de longe, ressente feliz terno toque.
É a rosa que é rara e que inspira esses versos;
rosa inteira entre caules marfim-salmonados.

"— Ei Nirvana! Eis que és pouco e me rio de ti"!

Não concebe o meu gozo inefável, coitado...


"— Tu sorris, minha musa"?

Eis que a dor não supera esse brilho no olhar
que pressinto daqui, do covil de poeta
que é o salteador desse corpo, ora frágil.

Arrepio me percore ao provar dessa trama
ideada nos meus mais profundos recônditos!

"— Mera pausa, ó Prenda"!

"— Hora de conversar com quem há de fazer
tua dor desistir de morar ao teu lado"...

Ronaldo Rhusso
































































..

Epistolado...


Minha mente epistolada olha fundo lá no fundo desse amor;
direciona minha luta pela vida ante a estrada mais bonita,
porém íngreme e sofrida, mas que evoca o co-sofrer com O que reina!
Minha mente acariciada pelas linhas bem traçadas que me lembram
como sou afortunado muito embora nem mereça saber ler...

Minha mente não se cansa e divaga pelas vagas de mar bravo
que me puxa, pois me anela, para o seu profundo abismo...

Vejo as cores com cuidado, pois me animam as nuances mais antigas.

Minha mente guarda ela com cuidado e, malgrado o estado agora,
não me vem a desistência tão comum aos racionais!

Minha mente dá de ombros para o medo e me torna um vencedor.

Cada noite as palavras que eu falo vêm de uma Fonte linda,
que concede a esperança como brinde certo e terno.

Minha mente epistolada olha fundo lá no fundo desse amor;
direciona minha luta pela vida ante a estrada mais bonita,
porém íngreme e sofrida, mas que evoca o co-sofrer com O que reina!
Minha mente acariciada pelas linhas bem traçadas que me lembram
como sou afortunado muito embora nem mereça saber ler...


Ronaldo Rhusso